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Natureza | 21/05/2014

Os rios invisíveis de São Paulo

José Bueno, um dos fundadores da iniciativa Rios e Ruas, nos conta o que são os rios invisíveis da cidade e como eles ainda podem ser revitalizados.

O que são rios invisíveis?

Assim como esse primeiro rio que encontramos e o batizamos de rio Iquiririm (rio silencioso em tupi guarani) pela proximidade de uma rua com o mesmo nome na região, rios invisíveis são todos os rios e riachos que o olhar comum não mais percebe. Nas últimas décadas, devido ao crescimento de São Paulo, uma enorme quantidade de rios e riachos foram soterrados para viabilizar a cidade como a conhecemos. Aprendemos a não ver nossos rios e a acreditar que eles são sinônimo de problemas, enchentes, doenças, prejuízos quando não são simplesmente associados a esgotos. Essa perversa associação construiu o desejo generalizado de vê-los soterrados, pois atrapalham a vida urbana. Costumamos dizer que nosso trabalho a frente da iniciativa Rios e Ruas é promover um saneamento na percepção das pessoas, uma limpeza na qualidade do nosso olhar.

Esgoto é esgoto. Rio é rio. Esgotos devem ser coletados, tratados e portanto cobertos. Rios devem fluir limpos, livres e abertos.


Crianças entendem imediatamente a injustiça e o equívoco de termos soterrado nossos rios tratando-os como esgotos. Adultos também. Como é impossível cuidar daquilo que não vemos, dar visibilidade à realidade dos rios sob nossa cidade é o primeiro grande passo para começarmos a cuidar deles.

É possível revitalizar esses rios?

Sim! Aos que acreditam que nossos rios estão mortos, dizemos que eles estão doentes. Talvez, em estado avançado ou comatoso. E o que fazemos com entes queridos que estão doentes? Nós os abandonamos ao ignorá-los. Inúmeras evidências pelo mundo tem revelado a incrível resiliência dos rios que dificilmente morrem. Podemos enterrar, poluir, cobri-los com ruas e avenidas, mas eles continuarão lá.

Em São Paulo temos o caso do rio Pirarungáua, no Jardim Botânico, que durante 70 anos viveu soterrado numa galeria. Até que, em 2007, foi necessária uma reforma nas tubulações. Alguém sugeriu que, ao invés de reformar a galeria e voltar a soterrá-lo, que aproveitassem a obra para reabri-lo. Em um ano as obras terminaram e o rio foi entregue aberto à população. Desde então, o rio Pirarungáua é uma das atrações do local e imaginamos o quanto esse pequeno riacho deve se sentir grato por sua libertação!


Em áreas urbanas mais consolidadas com ruas e construções a revitalização ainda assim é possivel e acreditamos que São Paulo está atrasada em relação a outras grandes cidades no mundo que já começaram a despertar alguns de seus rios, vitalizando suas margens e valorizando o desfrute de uma paisagem que privilegia o curso natural das águas.

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